segunda-feira, 25 de abril de 2011
domingo, 24 de abril de 2011
ENERGIA SIM, BELO MONTE JAMAIS!
Fonte da foto: Diário do Pará (ato de abertura do V CONEUFPA que ocorreu no dia 20/04/2010, dia que saiu o leilão para a construção da obra
Anderson Castro (anndinho)
Estudante de Psicologia da UFPA
Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre
Coordenador da Rede Emancipa PA
@_andersonPSOL50
ENERGIA SIM, BELO MONTE JAMAIS!
Antes de debatermos questões que dizem respeito aos impactos sócio-ambientais, precisamos desconstruir algumas inverdades ditas pelos grandes interessados em garantir com que a Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte saia do papel, a saber, governo federal, empresas eletro-intenisivas empreiteiras entre outros.
Para tal, é válido lembrar do tema “ENERGIA SIM, BELO MONTE NÃO!” usado em uma vídeo-matéria do Green Peace, onde os ativistas colocam um “Belo Monte de estrume”, na entrada principal do prédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em Brasília (DF) durante o leilão das obras referentes a Belo “Monstro”, mostrando o que acham no que vai dar o referido projeto.
É notório que a população de nosso país necessita de energia, a exemplo de algumas cidades que, em pleno século XXI, não têm energia elétrica ou possuem fornecimento inadequado. Sem contar os recorrentes “apagões” que ocorrem nas grandes metrópoles, como o que ocorreu em novembro de 2009 deixando 10 (dez) estados brasileiros - entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná - sem fornecimento de energia elétrica.
Estes exemplos nos levam a pensar que é inevitável construir a UHE Belo Monte no rio Xingu na cidade de Altamira/PA e as Hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio no rio Madeira em Rondônia. Correto? LÓGICO que não. Ai você pode dizer que este artigo é fruto da cegueira militante de diversos ambientalistas e movimentos sociais que se colocam contra o desenvolvimento do Brasil. Se não conhecermos os reais interesses por trás da construção dessas obras faraônicas, perdemos o foco e iremos continuar a reproduzir essa conversa “fiada”.
O Brasil precisa de Belo Monte?
Belo Monte é o maior projeto do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Compreende uma das mais de 100 grandes barragens que vêm sendo planejadas na Amazônia, onde grande parte destas ameaça terras indígenas e áreas protegidas.
Célio Bermann, professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP), aponta em seu artigo “O Brasil não precisa de Belo Monte” uma série de alternativas para aumentar o fornecimento de energia elétrica. Entre elas Célio afirma que: se fossem repotenciadas as hidrelétricas brasileiras existentes com mais de 20 anos evitando perdas nos “linhões” de transmissão e nas redes de distribuição de energia e se fosse renovado o parque tecnológico das mesmas através da troca de equipamentos antigos e modernizando componentes e sistemas, não haveria necessidade de se construir novas hidrelétricas para atender as demandas energéticas de nosso país.
Bem, neste momento você deve estar se perguntando: “Se temos como otimizar a produção de energia sem causar danos sócio-ambientais porque o Governo Federal insiste em querer construir Belo Monte? Quais são os interesses que estão por trás deste empreendimento?”
Para tentar responder as perguntas feitas no parágrafo anterior, algumas informações são importantes. Saibam que as empreiteiras Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Correa foram responsáveis por contratar a empresa que elaborou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que gerou o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) sobre Belo Monte no Xingu. Ora, quem paga a banda escolhe a música.
Este ano, no dia 13 de abril de 2011, o Movimento Xingu Vivo para Sempre, organizou em Belém um seminário de formação, onde profissionais de áreas distintas, em conjunto com diversos movimentos sociais, apresentaram questionamentos que também nos ajudam a responder as indagações.
Durante o seminário, Felício Pontes (MPF/PA), após expor que os fiscais da eleição são formados por procuradores do Ministério Público Federal (MPF), relatou que foram as empreiteiras o maior grupo empresarial que financiou a campanha da Presidente Dilma em 2010. A partir desta informação começamos a perceber claramente o que na realidade está em jogo. Para eles, os poderosos, é o desenvolvimento do lucro de suas empresas e para nós é a vida acima de tudo. Em nome do “progresso” as elites nacionais mostram que pouco se preocupam com o meio ambiente em que vivemos. O Eldorado prometido trará na verdade doença, violência e miséria para a região. Queremos que o Brasil se desenvolva erradicando a pobreza, garantido acesso a saúde e educação pública, gratuita e de qualidade para toda a população e não apenas para alguns iluminados.
Segundo Francisco Hernandes (Mestre em Energia, Doutorando em Energia PPGE USP): “Belo Monte é o terceiro ciclo do projeto, o primeiro foi a borracha (...). Falaram que o progresso viria com a borracha. Depois o progresso vinha com a transamazônica. Não veio não, né? Agora o progresso vem com Belo Monte. E o pessoal tá dizendo que vai vir com belo monte. Quando ele diz isso ele ta dizendo que não veio nos outros dois ciclos também. Isso tem que ser denunciado e a história da eletricidade brasileira bem próxima da gente em Tucuruí mostrou que esse progresso não veio e as conseqüências ambientais e sociais vieram (...)” (transcrito da fala do professor durante o seminário do Movimento Xingu Vivo).
Continuaremos JUNTOS resistindo até o fim fortalecendo a luta em Altamira, criando comitês de luta contra Belo Monte em escolas, Universidades, repartições de serviço, em outros Estados, em outros países. JUNTOS com DCE’s, grêmios, coletivos estudantis de luta. Juntos com personalidades como Marinor Brito, Edmilson Rodrigues, Dira Paes, James Cameron, Arnold Schwarzenegger e principalmente com o povo trabalhador. JUNTOS anunciaremos a primavera!
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♪♫Embarca na luta embarca, molha o pé mas não molha a meia(2x). Não venha lá d Brasília fazer barragem na terra alheia(2x) ♪♫ #PareBeloMonte
Maiores Informações:
sábado, 23 de abril de 2011
MP faz prisões e apreensões na Alepa
Ministério Público Federal fazem prisão e apreensão na Alepa, em Belém. Os funcionários presos são acusados de um esquema fraudulento na folha salarial.
O Brasil não precisa de Belo Monte
Data: 10/04/2002
Autor: Célio Bermann
A Bacia Hidrográfica do Rio Xingu está correndo o risco de se tornar uma jazida de megavates cara e inútil, social e ambientalmente insustentável.
A insistência com que, atualmente, a empresa Eletronorte procura viabilizar o projeto da Usina de Belo Monte é uma evidência deste risco. Localizado no rio Xingu, o projeto com 11.182 MW faz parte de um complexo que envolve outras quatro usinas: Altamira (6.588 MW), Ipixuna (1.900 MW), Kakraimoro (1.490 MW) e Jarina (620 MW). Mais de 20 etnias indígenas vivem no rio Xingu.
Praticamente 2/3 (63,6%) do potencial hidrelétrico brasileiro encontra-se localizado na Região Amazônica, principalmente nos rios Tocantins, Araguaia, Xingu e Tapajós. As conseqüências sociais e ambientais da possibilidade de implantação dos empreendimentos hidrelétricos previstos na região, envolvendo questões como as relacionadas com reservatórios em terras indígenas ou a manutenção da biodiversidade, exigem atenção e cuidados que não estão sendo considerados.
Sob o ponto de vista da responsabilidade ambiental, o fato de praticamente 2/3 do potencial hidrelétrico brasileiro se localizar na região amazônica torna ainda mais premente a necessidade do estabelecimento de medidas efetivas de manejo dos reservatórios formados por usinas hidrelétricas, conduzindo a gestão das bacias hidrográficas para o interior das empresas elétricas, o que até hoje não tem se verificado.
Nos três reservatórios formados pelas usinas hidrelétricas construídas na região – Tucuruí (PA) no rio Tocantins, com 2.875 km2; Balbina (AM) no rio Uatumã, com 2.360 km2; e Samuel (RO) no rio Jamari, com 560 km2 – a cobertura vegetal não foi previamente retirada antes do fechamento das comportas, ocasionando a formação de um “paliteiro” e a emissão de gases decorrentes do processo de decomposição do material orgânico mantido sob as águas, além do comprometimento da qualidade das águas, resultando numa sensível redução das atividades de pesca.
Os reservatórios destas três usinas hidrelétricas já construídas na região emitem quantidades consideráveis de CO2 e CH4, ambos gases de efeito estufa, colaborando com o agravamento do impacto ambiental desses reservatórios.
Tomando-se como base o que já aconteceu com estas usinas hidrelétricas, se todos os aproveitamentos hidrelétricos de grande porte que estão previstos na Amazônia forem concretizados, estima-se que serão emitidos cerca de 2.308,5 milhões de toneladas equivalentes de CO2 nos primeiros dez anos após o início da operação das usinas, ou 231 milhões de toneladas equivalentes de CO2 por ano. Esse volume corresponde a 75% ou ¾ da quantidade de emissão líquida total para o ano de 1999 proveniente da queima dos combustíveis fósseis, lenha e carvão vegetal com origem de mata nativa, o que representa uma contribuição significativa e absolutamente indesejável.
A usina hidrelétrica de Belo Monte, com 11.182 MW de potência instalada, só vai operar com esta potência durante três meses do ano. Em função do regime hidrológico, nos demais meses, a água disponível só vai possibilitar uma energia firme de 4.670 MW, ou seja, um fator de capacidade de pouco mais de 40%, o que torna esta energia muito cara para viabilizar o investimento total requerido.
Para aumentar o fator de capacidade e viabilizar Belo Monte, será necessário regularizar a vazão do rio Xingu, através da construção das outras quatro usinas, que formarão reservatórios com áreas tão grandes que a própria Eletronorte tem receio de divulgar. O fato é que, ao contrário do que diz a Eletronorte e o governo, o Brasil não precisa de Belo Monte.
É possível afastar as perspectivas de falta de energia para os próximos anos adotando-se quatro soluções para aumentar a oferta. Primeira, reduzindo as perdas no sistema elétrico brasileiro. Segunda, repotenciando as usinas com mais de 20 anos. Terceira, gerando energia em sistemas descentralizados através das PCH’s - Pequenas Centrais Hidrelétricas e de usinas eólicas que aproveitam a energia dos ventos. Quarta, aproveitando biomassa (bagaço de cana ou resíduos do papel e celulose) em co-geração. Soluções que já deveriam ter sido adotadas há muito tempo, o que evitaria o quadro atual.
Todas elas gastando pouco em comparação com as grandes usinas, sem causar os indesejáveis impactos sociais e ambientais, e disponibilizando para a sociedade brasileira o equivalente a mais de 33% da capacidade de geração atualmente instalada.
A Primeira solução parte da situação atual do Sistema Elétrico brasileiro que apresenta perdas técnicas da ordem de 15%. São perdas da ordem de 54 milhões de MWh (ou 54 bilhões de quilowatts/hora) que ocorrem desde a eletricidade é gerada nas usinas, passando pelas linhas de transmissão e redes de distribuição até chegar na tomada do consumidor final.
Se o Brasil adotar um índice de perdas de 6%, considerado como padrão internacional, o sistema elétrico teria um acréscimo de disponibilidade de energia elétrica de 33 milhões de MWh, equivalente ao que produz durante um ano uma usina hidrelétrica de 6.500 MW de potência instalada (ou mais da metade da Usina de Itapu, que possui 12.600 MW). Os custos necessários para promover esta redução das perdas consistem basicamente no melhor isolamento nas linhas e na substituição de equipamentos antigos ou defeituosos, como os transformadores. Ações que não estão sendo feitas na freqüência e na amplitude que a atual situação exige. Eles são muito menores do que os investimentos para a construção de novas usinas. Este acréscimo na disponibilidade poderia ser obtido sem inundar terras e sem expulsar as populações que vivem nas margens dos rios que são barrados para a construção das usinas hidrelétricas...
Quanto à Segunda, esta solução considera o fato de que o parque de geração de energia elétrica no Brasil apresenta muitas usinas hidrelétricas com mais de 20 anos de atividade. Esta usinas podem aumentar sua capacidade de produzir energia elétrica através de investimentos na troca de equipamentos (p.ex., substituição do rotor do gerador), ou na modernização de componentes e sistemas.
Estima-se que o Sistema Elétrico brasileiro pode alcançar um acréscimo de potência da ordem de 7.600 MW, resultante da reabilitação, reconstrução ou reparos nas usinas hidrelétricas existentes, e que operam há mais de 20 anos.
Este ganho de potência pode ser obtido com custos bastante reduzidos em comparação com os custos de novas usinas (em torno de 1/3, podendo chegar a 1/5 dos custos de um novo KW instalado). Se a repotenciação não interferir no nível do reservatório, não aumentando a cota de operação, serão 7.600 MW sem impactos sociais e ambientais como ocorrem na construção de usinas novas.
A Terceira solução considera os dados oficiais do SIPOT – Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico – Eletrobrás que indicam a existência no Brasil de um potencial de 9.800 MW que podem ser obtidos com a construção de 942 pequenas centrais hidrelétricas. Nos próximos três anos, pelo menos 1/3 destas usinas poderiam ser construídas, agregando cerca de 3.200 MW ao atual parque gerador brasileiro.
As PCHs são definidas pela Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – como usinas com potência instalada total de até 30.000 KW (30 MW) e área inundada máxima de reservatório de 3 km2. Tratam-se de aproveitamentos hidrelétricos sem impactos sociais e ambientais significativos, que podem aumentar as condições de suprimento de energia elétrica no Brasil de forma descentralizada. No caso de várias PCHs localizadas num mesmo rio, para uma correta avaliação destes impactos deverá ser considerado o conjunto dos projetos localizados na mesma bacia hidrográfica, procedimento este que deveria ser seguido na avaliação da viabilidade ambiental de grandes represas localizadas numa mesma unidade hidrográfica, o que nunca foi considerado. Este é justamente o caso das cinco usinas hidrelétricas projetadas no rio Xingu, que devem ser analisadas no conjunto e não cada usina em separado, como está se querendo fazer com Belo Monte.
Quanto à energia dos ventos, estima-se um potencial eólico no Brasil da ordem de 29.000 MW, principalmente no litoral do Nordeste (Ceará e Rio Grande do Norte). No prazo de três anos seria possível a instalação de 3.000 MW através das usinas eólicas. As duas usinas (Taíba e Prainha), recentemente construídas pela Wobben no litoral do Ceará e que estão fornecendo eletricidade para a Coelce, demonstram a viabilidade econômica desta alternativa.
A Quarta solução, por fim, identifica a co-geração à partir do bagaço de cana como a fonte com maiores possibilidades de utilização a curto prazo. Estima-se uma potência atualmente instalada na região Sudeste de 750 MW, concentrada no estado de São Paulo com 131 usinas, e uma capacidade instalada excedente de 150 MW. Por sua vez, na região Nordeste, a potência instalada é de 358 MW, localizada principalmente nos estados de Pernambuco e Alagoas. Hoje, é muito reduzida a comercialização desta energia.
A partir do desenvolvimento tecnológico, possibilitando o aumento de eficiência no processo estima-se que 3.000 MW poderiam ser obtidos no país a partir do bagaço de cana de açúcar. Outro setor onde a co-geração apresenta um grande potencial é a indústria de papel e celulose, através do aproveitamento de resíduos em sistemas combinados de produção de energia elétrica e calor de processo. Para o Brasil, estima-se um potencial de 650 MW utilizando-se apenas o resíduo dessa indústria como combustível.
Estão aqui apontadas quatro soluções, sem considerar as imensas possibilidades da energia solar a partir de painéis fotovoltáicos.
No seu conjunto, estas alternativas tornam possível acrescentar ao Sistema Elétrico brasileiro uma capacidade instalada da ordem de 24.000 MW, apenas considerando as alternativas de oferta, sem considerar as oportunidades de ganhos com eficiência energética e conservação. Olhando pelo lado da demanda, a atual crise indica ser cada vez mais oportuno o redirecionamento do perfil industrial brasileiro, hoje com indústrias cujos processos de produção consomem muita eletricidade, como é o caso das indústrias de alumínio, das siderúrgicas, das indústrias que produzem ligas de ferro, das indústrias químicas de cloro e soda, e das indústrias de papel e celulose.
Estes 24.000 MW são equivalentes a 33% da atual capacidade de geração no país, sem a necessidade de construção de grandes usinas hidrelétricas, nem de usinas termelétricas à gás natural de grande porte que estão atualmente sendo propostas como solução. A população brasileira ainda espera para o nosso país uma política energética onde o bom senso prevaleça. O Xingu não fala. Se falasse, pediria para não ser destruído!
Célio Bermann, é professor do curso de pós-graduação em Energia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e membro da Coordenação do Programa Brasil Sustentável e Democrático
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Geração de empregos: um Belo Monte de mentiras
Em matéria impressa na edição de domingo, dia 27/03/2011, o jornal O Liberal, um dos três de maior circulação no estado do Pará, prestou um desserviço ao jornalismo. Ou melhor: ao povo paraense. O Liberal mentiu. Na realidade, reproduziu uma mentira, seguidamente contada pelo Governo Federal e por aqueles que defendem a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte: a de que o projeto de barramento do Rio Xingu vai gerar milhares de empregos e contribuir para o desenvolvimento da região de Altamira e municípios vizinhos.
A conta é simples de se fazer, segundo os próprios dados do Governo. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA estimam que 96 mil pessoas sejam atraídas para Altamira e região, ao longo do período das obras. Entretanto, o mesmo estudo afirma que “no pico das obras, deverão ser gerados mais de 18 mil empregos diretos e cerca de 23 mil indiretos”, totalizando a abertura de 41 mil postos de trabalho.
Qualquer criança que tenha aprendido as operações básicas da matemática pode fazer essa subtração: 96 menos 41 é igual a 55. Ou seja, a hidrelétrica de Belo Monte vai gerar 55 mil desempregos. Isso nas contas do próprio Governo e das três empreiteiras que fizeram o EIA/RIMA (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht), e se levarmos em consideração os números conservadores dos defensores da UHE Belo Monte, porque alguns críticos falam em mais de 150 mil pessoas se deslocando para o Xingu, em busca de um novo eldorado.
Com medidas “para diminuir e compensar as alterações negativas” causadas pela construção do Belo Monstro, o EIA/RIMA propõe um conjunto de planos, programas e projetos. Sem entrar no mérito se tais propostas trarão soluções reais aos problemas causados, vamos nos deter em dois dos objetivos do Programa de Orientação e Monitoramento da População Migrante, que são “orientar a população migrante sobre as reais possibilidades de emprego” e “apresentar as características do empreendimento à população migrante para que esta possa avaliar as possibilidades existentes e decidirem se vão permanecer ou não na região”.
As obras já começaram, ignorando as leis e os pareceres técnicos assinados pelos servidores públicos. E são os agentes que o próprio Estado nomeia e paga, e que colocam em funcionamento a máquina estatal. É o Estado passando por cima do próprio Estado, para beneficiar terceiros. Mas, onde está o Programa de Orientação? Onde está o acompanhamento da “evolução do número de pessoas atraídas para a região”? Como os municípios poderão se planejar sem essas informações? Esse Programa está previsto no EIA/RIMA, mas não saiu do papel.
Dizia o modelo neoliberal, sepultado após a crise internacional de 2009/10, que a “sociedade” deveria cumprir os deveres do Estado naquilo que lhe fosse de interesse. Se aplicarmos essa lógica, a imprensa privada poderia tomar do Estado o sagrado dever de informar a população. Esta louvável atitude, de prestar informação, poderia ter sido a origem da reportagem publicada em O Liberal. Ora, se o Estado não exige da Norte Energia SA – NESA o cumprimento do Programa de Orientação do EIA/RIMA, a dita “sociedade” deve requerer e exercer essa ação. E assim foi feito.
Apenas um detalhe: O Liberal faltou com a verdade. Assim, ao invés de ajudar a “orientar e população migrante sobre as reais possibilidades de emprego”, o jornal criou uma falsa expectativa, baseada em especulações, com o claro intuito de mascarar a realidade e tornar o empreendimento de Belo Monte mais palatável.
Na capa do jornal de domingo, em uma posição de destaque, no canto superior esquerdo, ao lado da bela fotografia de um cartão-postal de Belém, o mercado do Ver-o-Peso, flertando com o pôr-do-sol sobre as águas da Baía do Guajará, lê-se a chamada: “Empregos. Belo Monte vai pagar salários de até R$ 4 mil”. Uau! Que efeito mais atraente: uma bela imagem, um belo emprego, um belo salário e... um belo monte de mentiras.
Um crítico poderia exclamar: “Não é mentira! O salário do engenheiro é de R$ 4.049,00!”. De fato. Pelo menos uma, das 64 modalidades de emprego, confere com o título da reportagem. Mas, no imaginário do leitor desatento, ficará a idéia de que a maioria, ou boa parte, das ofertas de trabalho pagará salário semelhante. Ora, por que falar do salário de R$ 625 do contínuo? Ou dos R$ 711 do office-boy? Ou dos R$ 975 do carpinteiro? Por que colocar em evidência os salários mais baixos, responsáveis pela imensa maioria dos postos de trabalho a serem abertos? Não! Isso não é atraente. Mas o Programa de Orientação diz para esclarecer sobre as características do empreendimento...
Bem, depois de criar uma enorme ilusão sobre salários de R$ 4 mil, surge uma nova chamada, na parte superior da página oito: “Emprego não será problema em Belo Monte.” Contrariando as conclusões do EIA/RIMA, que afirma a ocorrência de uma demanda por empregos duas vezes maior que a oferta, O Liberal induz o seu leitor a acreditar que haverá uma enxurrada de empregos sendo distribuídos em Altamira. E com salários de R$ 4 mil.
Finalmente, na página 13 (sem duplo sentido), para êxtase dos sem-emprego, em letras garrafais, o título: “Belo Monte abre temporada de emprego”. A impressão que se tem é que a NESA já está contratando os trabalhadores para a construção da usina. O jornal monta uma sequência de mentiras que culminam com uma convocatória implícita e irresponsável para que as pessoas se desloquem para o Xingu à procura de emprego. Em termos matemáticos, a equação ficaria mais ou menos assim: salário de R$ 4 mil + fartura de empregos + contratação imediata = corram para Altamira.
Antes de comprar sua passagem, a prudência aconselha a ler a reportagem completa. Em suas linhas e, principalmente, suas entrelinhas. É nesse momento que a mentira começa a ser desconstruída. Um colorido quadro mostra como serão os salários pagos em Belo Monte. É quando se percebe que em 26% daquelas 64 profissões citadas na primeira página do jornal, o salário não é informado; que em 30% o salário atinge, no máximo, R$ 1.000 e em outros 33%, limita-se entre R$ 1.000 a R$ 2.000. Apenas duas profissões (3% do total) terão salários acima de R$ 3.000.
E pior: descobre-se que aquela lista de empregos não foi criada pela Norte Energia. É apenas uma simulação do que poderá ocorrer no canteiro de obras. É uma informação coletada junto a um sindicato de trabalhadores e a um desconhecido Banco Nacional de Salários, sobre as médias salariais de determinadas profissões. Ou seja: é pura especulação de O Liberal, mostrando seu descompromisso em “orientar a população migrante”.
As manchetes são tão tendenciosas, que sequer levam em consideração a parte final da própria reportagem, onde o presidente do Conselho Regional de Economia teria dito que “não será possível garantir trabalho a todos, pelo número limitado de vagas e pela falta de preparo para ocupar os postos de trabalho abertos”. E conclui informando que Altamira já conta com 20 mil desempregados, sobre uma população de 100 mil habitantes.
Essa postura faz parte da estratégia adotada pelo Governo Federal, de transformar a construção da UHE Belo Monte em fato consumado, e dessa forma garantir que suas decisões, ao arrepio da lei, não sejam questionadas ou modificadas. E ainda manipula aqueles que estão desempregados, iludindo-os com promessas vazias de bons salários, criando um clima de confronto com os movimentos sociais que lutam contra a construção da barragem.
Os redatores do jornal agem como recrutas em uma guerra sem quartel, onde o inimigo a ser combatido é o cidadão comum, que precisa ser bombardeado com desinformação, para aceitar as imposições de um grupo de burocratas e empresários que tomaram de assalto o Planalto Central e buscam legislar, governar e julgar em causa própria.
Programa de Orientação? Monitoramento da população? Informação? Ora... belo monte de baboseiras.
Mauricio Santos Matos
Servidor público estadual, membro do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre / Belém
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Rede Emancipa, em Belém, tem apoio do Instituto de Educação da UFPA
Rede Emancipa, em Belém, tem apoio do Instituto de Educação da UFPA
No último dia 20 de abril, quarta-feira, os articuladores da Rede Emancipa Movimento Social de Cursinhos Populares em Belém – a qual abrirá o primeiro cursinho na cidade, nas dependências da Escola Estadual Amilcar Alves Tupiassú, bairro da Cremação, tendo como patrono Mestre Verequete – reuniram com professoras do Instituto de Ciências da Educação da UFPA (ICED), com a finalidade de estruturar o projeto a ser enviado à Pró-reitoria de Extensão da Universidade e assim garantir o perfil extensionista da iniciativa. A diretora do ICED se comprometeu em, até o final de maio, apresentar ao Conselho do Instituto a proposta de extensão para aprovação, e pediu às docentes Neila Reis e Izabel Maria que fiquem à frente da elaboração das linhas do projeto.
Além de discutir questões imprescindíveis para o sucesso da empreitada, a reunião teve espaço para sonhos ousados, como abrir mais e mais cursinhos em outros pontos da cidade, como nos bairros do Guamá e da Terra Firme, uma vontade dos articuladores da Rede, bastante possível com o apoio de homens e mulheres do bem que fazem a Universidade não se limitar ao limite de seus muros.
“Através da Rede Emancipa fui aprovada na universidade pública, e aprendi que a educação é um verdadeiro instrumento de transformação social.”
Yasmine Alimari, ex-aluna do Cursinho Popular Florestan Fernandes e aluna de Ciências da Universidade Estadual de Londrina
Serviços:
Cursinho Pré Vestibular “Mestre Verequete”
Escola Estadual Amilcar Alves Tupiassú - Cremação
Inscrições gratuitas: 28, 29 e 30 de abril
Inicio das aulas: 14 de maio
Att,
Rafael H. Saldanha
Acadêmico de Lic. em Letras Hab. Língua Espanhola UFPA
Coordenador Geral do DCE UFPA
Coletivo Nacional de Juventude Romper o Dia! ...e anunciar a primavera
(91) 8168 9990
Ousar Lutar, ousar vencer Belo Monte
Ocupação da sede da Eletronorte em Belém, Amazônia, Brasil, em 20/04/2010, data em que ocorreu o leilão de energia para a construção da UHE Belo Monte, no Rio Xingu. A concentração foi em frente a um dos portões da UFPA. Houve uma passeata pela Av. Perimetral, no bairro da Terra Firme, até a sede da estatal. Durante a ocupação foi entregue uma carta, assinada por diversos movimentos sociais, criticando a obra e exigindo a suspenção do leilão.
Vídeo e fotos Maurício Matos
Vídeo e fotos Maurício Matos
Saudação inicial
Começo tardiamente minha vida de blogueiro. Espero que gostem do que cotidianamente irei postar. Um pouco sobre mim, sobre o que penso, sobre o acontece ao nosso redor. Melancolia, desejo de mudança e de transformações radicais. Tudo isso em um só!
#PareBeloMonte
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